Gramáticas Pardas
Exposição com Claudia Lopes
2025
- CAAA, Guimarães
curadoria Ana Anacleto
GRAMÁTICAS PARDAS
Exhibition with Claudia Lopes
2025 - CAAA, Guimarães
“Neste processo de criação – vasto, ambíguo, exploratório, indisciplinado, vivo – encontramos um território rico de encontros e permeabilidades. Nele, a energia que sentimos brotar das coisas parece poder fazer-nos aproximar da energia radicada nos fundamentos das coisas – momento em que as coisas são ainda ideias das coisas, mas se aproximam já das coisas na sua máxima potência. Nele sentimos também o apelo do tempo na sua dimensão transtemporal. O tempo escapável, dançante, liberto de mecanismos cronológicos ou históricos e amplamente marcado pelo ritmo do sopro.
Comecemos com uma proposição: Procuremos entender Gramáticas pardas de Carla Cruz e Cláudia Lopes como um sistema. Um sistema de integração que opera sobre um conjunto de coisas – sejam elas criadas, encontradas, imaginadas, sugeridas ou intuídas. Entendamos agora todas estas coisas como sistemas em si mesmos, individuais, mas interdependentes, conectados ou compenetrados (para usar uma expressão de Coccia). Nada nos seus corpos, na natureza das suas existências, é passível de desligamento. Um sistema de sistemas em perpétuo contágio.
Uma gramática é, por si só, um sistema. Um sistema referencial que procura organizar um outro sistema (a linguagem), composto por inúmeros outros sistemas interconectados entre si (palavras). A sua condição parda (no domínio que agora nos ocupa) aproxima-nos de uma ideia de sistema não-inscrito, não-formal, auto-regulado na sua indecifrabilidade. Algo que se estabelece fora do olhar imediato, fora da norma reconhecível, excêntrico na sua geografia física, mas potencialmente central na sua geografia emocional. Talvez estejamos a falar de uma gramática da invisibilidade, que atravessa paisagens, corpos, memórias e territórios descartados, periféricos, semi-ocultos, fixando-se precisamente na sua condição de liminaridade. Uma gramática ruderal.”
Excerto do texto O meu tempo é o tempo de todas as coisas, de Ana Anacleto, 2025
Gramáticas Pardas, CAAA, Guimarães, installation view, photo by FAUSTO
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